TOMADA DE DECISÃO É TEMA DE ESTUDO Pesquisa foi realizada no Instituto de Ciências Biomédicas da USP

12 dez 2012

TOMADA DE DECISÃO É TEMA DE ESTUDO

Pesquisa foi realizada no Instituto de Ciências Biomédicas da USP

Segundo a biomédica Carolina Feher da Silva, testes clássicos revelam que os seres humanos sempre buscam algum tipo de padrão no momento de decidir por uma ou mais alternativas em processos que exijam tomadas de decisão. Em experimentos com animais, verificou-se que eles não buscam por padrões complexos, mas simplesmente optam pela estratégia simples de escolher sempre a opção em que a recompensa é mais frequente. “Evitar a busca por padrões em momentos de decisão pode ser a melhor alternativa”, considera Carolina, que realizou pesquisa sobre o tema no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP.

Um exemplo de teste clássico é aquele em que há duas opções de escolha entre duas figuras de forma quadrada: a pessoa pode optar pela da direita ou da esquerda, sendo que em uma delas haverá uma recompensa. Após 300 tentativas, fica claro que se começa a buscar algum tipo de padrão, com base na memória de quantas vezes a recompensa surgiu, de um lado, ou de outro, mas os testes dispõem as recompensas de maneira aleatória. Segundo a pesquisadora, experimentos semelhantes realizados com animais mostraram melhor desempenho. “Por não terem a capacidade de buscar ou estabelecer padrões, os animais, principalmente peixes e ratos, acabam apresentando melhores resultados”, conta Carolina. Mesmo assim, a tendência na hora de uma opção ou decisão é buscar por um, mesmo que ele não exista”, descreve Carolina.

Animais virtuais

Para avaliar processos de uma tomada de decisão, Carolina construiu “animais virtuais” com base em um modelo matemático. “São modelos animais dotados de um sistema nervoso simples e que são capazes de tomar decisões binárias”, descreve. Nos experimentos realizados no Laboratório de Fisiologia Sensorial do ICB os “seres virtuais” foram submetidos a testes semelhantes aos já consagrados na literatura. Num primeiro momento, apresenta-se uma sequência simples: esquerda/ esquerda/ direita. Em outra simulação, uma mais complicada e com mais variações. “No teste com mais variações, os animais adotaram uma estratégia considerada ‘ótima’, ou seja, escolhiam o lado em que a recompensa era mais frequente”, conta a biomédica.

Segundo ela, o ser humano – mais inteligente – age diferente e busca por um padrão, porém, quando tem diante de si uma sequência aleatória, não sabe onde encontrá-lo. “As pessoas, em geral, tendem a raciocinar que tudo tem um motivo, ou seja, buscando sempre por padrões”, exemplifica Carolina. De acordo com a pesquisadora, buscar padrões é a melhor estratégia quando eles de fato existem. “É preciso que, por vezes, se pense de maneira alternativa de que algum acontecimento tenha sido simplesmente  por acaso”.

Para a biomédica, essa pesquisa poderá servir de base para outros estudos na área de tomada de decisões, que poderão ser aplicados em diversas atividades humanas, como na Economia e Publicidade, entre outras. O artigo referente à pesquisa “A Simple Artificial Life Model Explains Irrational Behavior in Human Decision-Making” foi publicado na revista científica PLoS One – edição de maio de 2012. Confira pelo link http://tinyurl.com/aatagw2

http://www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0034371

Fonte: Agência USP de Notícias

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